Histórico


Segundo uma matéria da revista Transporte Moderno de 1967, o engenheiro Gilberto Arantes Lanhoso tinha idealizado o Metrobus para São Paulo, ou seja, um sistema de tráfego exclusivo de ônibus em pistas reservadas, com terminais especiais no Centro da Cidade, com venda antecipada de bilhetes, plataformas ao nível do piso dos ônibus, e portas mais largas em ambos os lados. Talvez seja o primeiro registro de um  plano de um sistema de ônibus de alto desempenho no Brasil.

Em 1969, a Prefeitura de Curitiba iniciou os estudos de implantação de uma rede de transporte rápido, o Metrô, visto que a população da cidade já se aproximava de seu primeiro milhão de habitantes.

Na elaboração do Estudo Preliminar do Metrô de Curitiba, desenvolvido pelo IPPUC e coordenado pelo engenheiro Euro Brandão, surgiu a ideia de implantação de um sistema de transporte de massa de superfície para construção em  curto prazo, sem os altos investimentos do Metrô, mas que também possibilitasse a racionalização dos transportes. Nascia assim o projeto do Ônibus Expresso, que numa etapa posterior deveria ser substituído por um sistema de metrô leve sobre pneus, semelhante ao sistema Transit Expressway da Westinghouse, desenvolvido nos Estados Unidos em 1967 e que já contava com uma linha de testes no South Park na cidade de Pittsburgh, Estados Unidos.

Devido ao  alto  custo  de implantação do  Transit Expressway, foi sugerida a implantação de um sistema de linhas expressas de ônibus em infraestrutura exclusiva  antes da implantação da primeira linha de Metrô.

Linha experimental do Transit Expressway da Westinghouse,
apelidado de Skybus, no Souht Park de Pittsburgh


Nota-se que no estudo preliminar de Curitiba de 1969 já era previsto o pagamento da passagem em estações fechadas, o que só foi concretizado em 1991, com a implantação das estações tubo das primeiras Linhas Diretas.


Do estudo  à realidade, o Expresso de Curitiba 


A primeira linha de ônibus expresso de Curitiba foi inaugurada em 1974, na gestão do prefeito Jaime Lerner, sendo que os  primeiros trechos de canaletas foram abertos ao tráfego em 1972 com linhas convencionais.


Prefeito Jaime Lerner, de origem judaica, na inauguração 
do Ônibus Expresso de Curitiba em 1974


Curitiba não foi a primeira cidade do mundo a contar com sistema de BRT, pois já existia o sistema de busway da cidade de Runcorn na Inglaterra. 

Busway de Runcorn, Inglaterra, em 1971


Em função do sucesso de Curitiba, em 1976 foi inaugurado o segundo sistema de ônibus expresso do Brasil, na cidade de Goiânia, na Avenida Anhanguera que se transformou na espinha dorsal do sistema de transporte coletivo da cidade.


A Tribuna, Santos, 31/01/1981, p.11


Em 1984, na cidade do Rio de Janeiro, o arquiteto Jaime Lerner,  contratado pelo governo do Estado do Rio de Janeiro, apresentou o sistema de Metrô de Superfície com ônibus articulados circulando em faixas exclusivas com estações tubo climatizadas com embarque em nível. Por motivos políticos o projeto não foi executado. 

Projeto do Metrô de Superfície do Rio de Janeiro de 1984


Em janeiro de 1991, na cidade de São Paulo na Avenida Rio Branco, foi inaugurado o primeiro corredor com embarque em nível do país. Uma antigo estudo dos técnicos da prefeitura.

Corredor da Avenida Rio Branco
Carga e Transporte, dezembro 1990
Foto Lícia Paolone

Ônibus com 5 portas do corredor da Avenida Rio Branco de São Paulo em 1991
Amplia


Na década de 1990, após o reconhecimento internacional de Curitiba, foi criado o conceito de BRT (Bus Rapid Transit) para denominar corredores de ônibus de alto desempenho, com a circulação dos veículos em espaço exclusivo, sistema tronco-alimentador, embarque em nível e pagamento antecipado. Inúmeras cidades ao redor do mundo, nos cinco continentes, passaram a implantar sistemas de BRT, baseados na Rede Integrada de Transportes de Curitiba.

Corredores

Curitiba
1972        Eixo Norte-Sul
1977        Eixo Boqueirão
1980        Eixo Leste-Oeste
1999        Circular Sul
2009        Linha Verde

Goiânia
1976        Eixo Anhanguera
 obras      BRT Norte-Sul

São Paulo
1980        Paes e Barros
1987        9 de Julho/São Gabriel
1988        São Mateus - Jabaquara
1991        Vila Nova Cachoeirinha
2003        Lapa
2004        Jardim Ângela - Santo Amaro
2004        Parelheiros - Santo Amaro
2004        Capelinha - Ibirapuera
2004        Teotônio Vilela/ Robert Kennedy
2004        Rebouças
2007        Expresso Tiradentes
2010        Diadema - Brooklin
2013        Guarulhos - São Paulo
2015        Berrini
2018        Itapevi - Butantã
                Radial Leste
                
Porto Alegre
1980        Farrapos
1980        Cascatinha
1981        Assis Brasil
1981        João Pessoa/Bento Gonçalves
1982        Oswaldo Aranha/Protásio Alves
2000        Avenida Sertório
2003        III Perimetral
2013        Aureliano de Figueiredo Pinto

Juiz de Fora
1982        Avenida Rio Branco

Belo Horizonte
1982        Avenida Paraná
1986        Avenida Cristiano Machado
2014        Move Antônio Carlos 
2014        Move Cristiano Machado

Rio de Janeiro
1982        Avenida Cesário de Mello
1982        Alberico Diniz
2012        Transoeste
2014        Transcarioca
2016        Transolímpica
                Transbrasil

Recife
1982        Avenida Caxangá
1995        Rodovia PE-15
2014        BRT Leste-Oeste

São Salvador
1990        Avenida Bonocô/Vasco da Gama [a]
2022        Lapa - Iguatemi

Criciúma
1996        Avenida Centenário

Manaus
2002        Expresso

Uberlândia
2006        Avenida João Naves de Ávila
2018        Avenida Segismundo Pereira

Brasília
2012        Linha Verde (EPTG)
2014        BRT Sul

Fortaleza
2012        Avenida Bezerra de Menezes
2019        Avenida Aguanambi

Uberaba
2015        Vetor Leste
2018        Vetor Sudoeste

Niterói
2019        Transoceânica

Belém
2016        BRT de Belém
                BRT Metropolitano

Feira de Santana
2023        Avenida Getúlio Vargas/Maria Quitéria

Notas: [a] Trecho da Avenida Bonocô extinto em 1995 por decisão política. Situação em agosto de 2023.


Quadro - Sistemas de BRT no mundo em 2007


REFERÊNCIAS:

Mais um corredor. Transporte Moderno. julho 1991. p.23. 

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